Fernando Adegas, pesquisador da Embrapa Soja

Recentemente, um novo caso de resistência de planta daninha a herbicida foi descoberto no Brasil: a de Conyza sumatrensis, uma das espécies de buva, resistente ao herbicida paraquate.  A população dessa espécie de buva resistente foi encontrada no município de Assis Chateaubriand (PR), onde sementes foram coletadas na safra 2015/2016 e levadas para estudos pela equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, em Palotina (PR).

Na ocasião, o produtor reclamava que desde o ano anterior a buva não havia sido controlada pela aplicação sequencial de paraquate. A princípio, se pensava que o problema poderia estar relacionado com uma possível baixa eficiência da primeira aplicação sequencial ou com a tecnologia equivocada de aplicação do herbicida. Situação semelhante já estava sendo observada, também, por técnicos da CVale-Cooperativa Agroindustrial, que atua na região.

Dando continuidade à investigação, na safra 2016/2017, as sementes da área suspeita foram enviadas para pesquisadores da Embrapa Soja, em Londrina (PR) e para a Dow Agrosciences, em Mogi Mirim (SP). As pesquisas comprovaram a resistência. Com o objetivo de identificar a espécie, foi enviada uma amostra da planta daninha para a Universidade Federal de Uberlândia, que confirmou ser Conyza sumatrensis. Ao mesmo tempo, sementes de outra população de buva com suspeita de resistência foi coletada pela equipe da CVale, e enviada para a Embrapa Soja. Os testes para comprovação da resistência dessa população ainda não foram finalizados.

A partir da constatação da resistência de buva ao paraquate, a equipe de pesquisadores criou um protocolo para divulgação do caso. A primeira atitude foi discutir a situação com os agrônomos da assistência técnica das cooperativas atuantes na região, para mitigar o problema. Além disso, foi estabelecida uma ação conjunta de monitoramento, com a finalidade de se mapear a abrangência da resistência.

Essa questão de resistência pode ser considerada normal, porque está relacionada à utilização de um mesmo herbicida, na mesma área e por longo período. O oeste do Paraná foi um dos primeiros locais a ter problemas com a buva, onde o paraquate vem sendo utilizado com sucesso há bastante tempo. Vale reforçar que nessa região onde foi constatada a resistência, já estão sendo adotadas medidas para evitar a disseminação do problema. Com tal objetivo, a assistência técnica regional foi preparada com alternativas de manejo, para evitar perdas de produtividade por parte dos produtores.

A buva está presente em grande parte do território nacional, mas não houve relato de situação semelhante a esta, em nenhuma outra região. “Por isso, não é caso de se fazer alarde, mas sim de alertar os agricultores da necessidade de adoção de boas práticas agrícolas, como o manejo integrado de plantas daninhas, que inclui, entre outras ações, a rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação”, ressalta o grupo de técnicos envolvidos na ação.

Os pesquisadores também consideram oportuno salientar que já foram relatados outros 45 casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas no Brasil, sendo destaque as espécies resistentes ao glifosato como a própria buva, além do azevém, do capim-amargoso, do caruru-palmeri, do chloris e do capim pé-de-galinha.

Fonte: http://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja/2017/08/29/novo-caso-de-resistencia-de-planta-daninha-herbicida-e-identificado-no-parana/