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Uso de bioativos, extratos de plantas e óleos essenciais no manejo de pragas, doenças e plantas dani

Guilherme Julião Zocolo, pesquisador da Embrapa 

À medida que a população mundial aumenta, ampliando a demanda por alimentos e fibras, torna-se imperativo inovar em estratégias e técnicas para o manejo e proteção de culturas. Dentro desse contexto, o conceito de bioeconomia ganha destaque, essa abordagem enfatiza a produção sustentável e a utilização de recursos biológicos, em particular os produtos naturais (PNs), para fornecer alimentos, bens e serviços.

O Brasil, detentor de uma vasta e rica biodiversidade, tem a oportunidade de se destacar como um líder nesse segmento, projeções indicam que o mercado global de bioprodutos associado a questão da bioeconomia poderá atingir valores na casa dos trilhões de dólares, e os produtos oriundos da biodiversidade brasileira estão bem-posicionados para serem protagonistas nesse avanço. Vale ressaltar que os PNs têm se destacado como uma valiosa fonte de novos ingredientes ativos (IAs) abrangendo aproximadamente 17% dos IAs em uso para a proteção agrícola. Se também incluirmos seus equivalentes sintéticos, esse número pode chegar a 50%.

Dentro desse cenário, a Embrapa vem se organizando, no sentido de criar um hub de inovação baseado nos conceitos da bioeconomia, e como exemplo temos a parceria estratégica formada entre a Embrapa Agroindústria Tropical, através do Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais (LMQPN), e a Embrapa Soja, por meio do Núcleo de Fitossanidade. Juntas, buscam desenvolver biodefensivos agrícolas, tendo como ingredientes ativos (IAs) os produtos naturais (PNs). Assim, a procura por soluções sustentáveis nos biomas Caatinga, Mata Atlântica e Amazônico será intensificada, juntamente com a bioprospecção em bancos de germoplasma in situ de várias unidades da Embrapa. O LMQPN já realizou extenso trabalho na coleta e caracterização química de materiais da Caatinga, resultando na criação de uma biblioteca de extratos vegetais e substâncias puras, se tornando uma valiosa fonte de materiais a serem testados.

No contexto específico da soja, o uso de bioativos, óleos essenciais e extratos de plantas no combate a pragas, patógenos e plantas daninhas vem aumentando expressivamente. Esses componentes, extraídos diretamente da natureza, oferecem uma solução sustentável e menos tóxica. Bioativos, por exemplo, são compostos naturais que, em quantidades mínimas, têm atividade contra pragas e patógenos específicos da soja, melhorando a resistência da planta e reduzindo a dependência de produtos químicos, geralmente importados.

Os óleos essenciais, reconhecidos por suas propriedades terapêuticas, também têm demonstrado eficácia no manejo de pragas da soja por suas propriedades inseticidas, fungicidas e herbicidas, o que os posicionam como uma alternativa viável aos pesticidas tradicionais. Extratos botânicos, retirados de diversas plantas, complementam essa linha de defesa natural, atuando contra uma variedade de pragas e patógenos que incidem sobre a cultura da soja.

Embora as plantas tenham sido historicamente a maior fonte (60% do total) de produtos naturais dando origem a ingredientes ativos para proteção de culturas nos últimos 30 anos, PNs bacterianos se tornaram a maior fonte de inovação (42% do total) de novas classes de IAs de proteção de plantios. Os metabólitos bacterianos apresentam uma promissora aplicação na proteção da soja contra patógenos que causam doenças na planta.

Sendo o Brasil o maior produtor mundial de soja, verifica-se um significativo crescimento em pesquisas e registros de patentes voltados ao uso de PNs, bioativos, óleos essenciais e extratos botânicos para a proteção deste cultivo. Essa tendência evidencia o valor e a crescente relevância das abordagens naturais na inovação e sustentabilidade das plantações de soja.

 

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

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