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Evolução das técnicas de produção de soja: nada mais sustentável

José de Barros França-Neto, Fernando Augusto Henning, Francisco Carlos Krzyzanowski, pesquisadores da Embrapa Soja

Segundo as Nações Unidas, no documento “World Population Prospects 2022” (Perspectivas da População Mundial 2022), a população mundial atingiu o número de 8 bilhões de habitantes no final de 2022. Embora com taxas que estão sendo reduzidas ano a ano, a população deverá continuar crescendo, devendo atingir os 8,5 bilhões em 2030 e 9,7 bilhões em 2050. Alimentar esse número crescente de seres humanos de maneira sustentável é realmente um grande desafio ao setor produtivo de alimentos.

Estudos realizados pela Embrapa apontam que o Brasil alimenta 800 milhões de pessoas em todo o mundo. Ou seja, uma em cada 10 pessoas no mundo depende dos alimentos produzidos no nosso País. Devido às suas condições edafoclimáticas e às modernas tecnologias de produção desenvolvidas pela pesquisa brasileira, o Brasil é um dos poucos países do mundo com condições de aumentar a produtividade e produzir mais alimentos para atender à crescente demanda global nas próximas décadas.

Para aumentar a produção de alimentos pelo agronegócio brasileiro, é de fundamental importância que esse processo seja realizado de maneira sustentável, suprindo à sociedade com alimentos de qualidade, produzidos dentro de ditames que respeitam a preservação do meio ambiente e de maneira economicamente viável.

Nesse sentido, ao analisarmos a evolução da produção de soja no Brasil, verifica-se um “case” de sucesso dentro do processo de sustentabilidade. Tomando-se como base a produção de soja no País há 45 anos, pode-se relatar os seguintes dados: a safra de soja brasileira em 1977/1978 foi de 9,7 milhões de toneladas de grãos, produzidos numa área de 7,8 milhões de hectares, resultando numa produtividade média de apenas 1.250 kg/ha.

Da década de 1970 aos dias atuais, grandes avanços foram conquistados pela pesquisa brasileira, realizada pela Embrapa, em conjunto com outras instituições oficiais e do setor privado, envolvendo também diversas universidades. Essas tecnologias, adotadas pelo setor produtivo, têm propiciado o aumento constante da produtividade da soja.

Dentre esses avanços tecnológicos, pode-se exemplificar o lançamento de centenas de cultivares de soja melhor adaptadas às diversas condições edafoclimáticas brasileiras, resistentes a diversas enfermidades e pragas, sendo, portanto, mais produtivas. Além disso, destacam-se o melhor manejo do solo, com a implementação da semeadura direta, associado com o melhor manejo nutricional das plantas, envolvendo a correção da acidez dos solos tropicais, o uso adequado de macro e micronutrientes, destacando-se, também, a melhor fixação biológica do nitrogênio, realizada com o uso de estirpes aprimoradas das bactérias Bradyrhizobium, associadas em coinoculação com o  Azospirillum. Aumentos na produtividade das lavouras resultaram da implementação de práticas aprimoradas do manejo integrado de pragas e de doenças. Maiores produtividades foram também conquistadas com a utilização de sementes de elevado vigor, tratadas com fungicidas e inseticidas adequados e semeadas com boa semeabilidade ou plantabilidade, utilizando-se de semeadoras bem ajustadas e operadas. Finalizando, pode-se mencionar o uso de colhedoras mais eficientes, que resultam em baixíssimas perdas de colheita.

Em suma, após 45 anos de adoção desses diversos aprimoramentos tecnológicos, segundo dados da Conab, a safra de soja brasileira em 2022/2023 será de 155,7 milhões de toneladas de grãos, produzidos numa área de cerca de 44,0 milhões de hectares, resultando numa produtividade média de 3.537 kg/ha. Esse número reflete uma evolução de 183% na produtividade, comparada aos 1.250 kg/ha, obtidos na safra 1977/1978.

Caso essa evolução técnica não tivesse ocorrido, ou seja, se a produtividade média tivesse se mantido nos patamares da safra 1977/1978, para obtermos a produção de 155,7 milhões de toneladas, necessitaríamos de mais de 124,6 milhões de hectares; ou seja, o avanço na tecnologia de produção nesses 45 anos poupou cerca de 80,6 milhões de hectares, dado de suma importância, fruto da sustentabilidade apresentada pela evolução do sistema de produção de soja brasileiro.


Figura 1. Evolução da produção, área e produtividade da cultura de soja no Brasil, entre as safras de 1977/78 e 2022/23. Fonte: Conab (2023)

 

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

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