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Amaranthus palmeri: uma ameaça real no Brasil

Dionisio Luiz Pisa Gazziero (1) , Alexandre Ferreira (1) , Decio Karam (1), Arthur Arrobas Martins Barroso (2), Fernando Storniolo Adegas (1), Marcilio Araujo (3)
1Pesquisadores da Embrapa, 2 Professor da UFPR, 3 Adapar

Plantas do gênero Amaranthus, conhecidas popularmente como caruru, são encontradas comumente nas áreas de produção de grãos em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde, pelo menos, 10 espécies já foram registradas. Em 2015, uma nova espécie denominada caruru-palmeri (Amaranthus palmeri), resistente aos herbicidas inibidores da enzima EPSPs (glifosato) e ALS, foi registrada pela primeira vez no Brasil, na região centro- norte do Estado de Mato Grosso, causando grande preocupação ao meio rural. Trata-se de uma planta exótica, extremamente agressiva, com risco de reduzir significativamente a produtividade de soja, milho e algodão. A depender do nível de infestação pode, praticamente, inviabilizar a colheita das áreas infestadas.

A partir da constatação dos primeiros casos no Mato Grosso, o INDEA-MT baixou Instrução Normativa que estabelece medidas fitossanitárias para contenção e erradicação dessa praga. Essas medidas tem se mostrados eficazes no controle da disseminação.

Porém, recentemente biótipos de caruru-palmeri foram encontrados em seis focos no Estado do Mato Grosso do Sul, sendo um em Naviraí e cinco em Aral Moreira, totalizando 1660 ha. Análises laboratoriais feitas por meio de sequenciamento genético confirmam se tratar de caruru-palmeri. Esse fato acende mais um sinal de alerta. Para piorar o problema, em 2018, foram confirmadas infestações de biótipos de caruru-palmeri resistentes aos inibidores da EPSPs e da ALS no Rio Grande do Sul. Hoje, essas plantas resistentes já estão espalhadas por diferentes estados, principalmente da região Sul do Brasil.

O caruru-palmeri apresenta alta variabilidade genética e fenotípica. Ao contrário de outras espécies de caruru que ocorrem no Brasil, é dióica, ou seja, apresenta plantas apenas com flores masculinas e outras apenas com flores femininas. A inflorescência das plantas femininas apresenta folhas rudimentares (brácteas) duras que, ao serem tocadas, dão a sensação de picada nas mãos e nos dedos. Em algumas plantas, pode ser observada uma longa inflorescência bem destacada, com folhas arranjadas de forma simétrica no caule. Na literatura, existem relatos de efeitos alelopáticos sobre outras espécies e informações que uma única planta pode produzir de 100 mil a 1 milhão de sementes, dependendo das condições em que se desenvolve. É uma planta invasiva de grande agressividade, que se adapta com facilidade a diferentes ambientes e condições climáticas. Pode ser facilmente confundida com outras espécies que vegetam no Brasil, como, por exemplo, A. spinosus (caruru-de-espinho) ou até mesmo A. hibrydus (caruru gigante).

Nos Estados Unidos, o problema com essa espécie se agravou rapidamente após a constatação da resistência ao glifosato e aos herbicidas inibidores da ALS, do fotossistema II, dos inibidores da HPPD e da tubulina, bem como da existência de resistência múltipla a diferentes mecanismos de ação. Essa rápida evolução da resistência aos herbicidas trouxe uma ameaça às alternativas de controle. Germinação escalonada, prolificidade e rápido crescimento inicial são características que aumentam a dificuldade de controle.

Por isso, o monitoramento frequente e a identificação precoce de novos casos de caruru em outras áreas ou regiões do Brasil ajudam na gestão proativa e permitem evitar prejuízos para a agricultura brasileira. É preciso estar atento para observar a presença de plantas com as características do caruru-palmeri. Prevenção é a palavra-chave no manejo de plantas daninhas!
Informações adicionais que permitem diferenciar as espécies podem ser obtidas na publicação “Caracterização e manejo de Amaranthus palmeri”, editada pela Embrapa Soja. O documento apresenta informações sobre a biologia da espécie e faz uma revisão de literatura sobre alternativas de controle. Importante mencionar que qualquer produto para o controle químico só pode ser utilizado no país, após o registro e cadastramento nos Estados.

 

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

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