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Estabilidade e produtividade da soja nos estados brasileiros
Alvadi Antonio Balbinot Junior, pesquisador da Embrapa Soja
 

A produtividade média de grãos e a estabilidade da produção ao longo dos anos são variáveis importantes para avaliar a competitividade e a sustentabilidade da soja em determinada região. Entre 1997 e 2021, o Brasil apresentou crescimento extraordinário na área e na produção de soja. Nesse período, as taxas médias anuais de aumento de área e produção foram de, aproximadamente, 1,12 milhões de hectares e 4,4 milhões de toneladas de grãos. Atualmente, o Brasil é líder mundial na produção e na exportação da oleaginosa.

Em análise realizada em 25 safras, observou-se relação negativa entre a produtividade média de grãos dos estados e a instabilidade da produtividade (Figura 1). Nesse caso, a instabilidade foi estimada pelo coeficiente de variação (C.V.) – quanto maior o C.V., maior a instabilidade de safra para safra. Os estados que apresentaram as maiores produtividades também foram os que apresentaram a maior estabilidade da produção, notadamente MT e RO, sobretudo em razão da adequada disponibilidade hídrica durante o ciclo da soja. Nesses dois estados, a produtividade média no período avaliado foi próxima de 3.100 kg/ha e o C.V. foi de apenas 5,0%. Outro Estado que apresentou médias altas de produtividade e baixo C.V. foi GO.

O estado que apresentou a menor produtividade média e maior C.V. no período avaliado foi o RS – produtividade inferior a 2.400 kg/ha e C.V. superior a 30%. Nesse estado, a produtividade variou de 698 kg/ha (safra 2004/2005) a 3.433 kg/ha (safra 2020/2021), o que demonstra a instabilidade na produção. Outro estado que demonstrou resultados ruins foi o PI, com produtividade média inferior a 2.600 kg/ha e C.V. próximo de 25%. TO e BA também apresentaram médias de produtividade inferiores à média nacional e elevado C.V. O principal estresse que limita a produtividade e reduz a estabilidade da produção nesses estados é o déficit hídrico, muitas vezes associado ao estresse por calor, principalmente no PI, TO e BA. Dessa forma, nesses estados é fundamental o ajuste tecnológico para aumentar a tolerância da cultura a esses estresses. Um primeiro ponto a ser considerado é a necessidade de adequado manejo do Sistema Plantio Direto – com alta produção de palha e raízes, construção de perfil de solo corrigido quimicamente e sem impedimentos físicos limitantes, a fim de maximizar a infiltração, retenção e disponibilização de água às plantas. Além disso, outras práticas são relevantes, como escolha de cultivares de soja com maior tolerância a estresses hídricos, escalonamento de semeadura, adequada coinoculação com Bradyrhizobium e Azospirillum, adubação equilibrada e adequado manejo de plantas daninhas, insetos-praga e doenças. Em ambientes de produção em que o risco de perdas de produtividade da soja é elevado, é fundamental o uso de sistemas de produção diversificados, como por exemplo, a integração lavoura-pecuária.

  É evidente que dentro de cada estado há grande variação de condições de solo e de clima que impactam a estabilidade e a produtividade da soja, o que deve ser considerado em análises mais específicas por microrregião. Informações mais detalhadas podem ser obtidas no Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 27, intitulado “Análise da produção, área cultivada, produtividade e estabilidade produtiva da soja nos estados brasileiros em 25 safras (1996/1997 a 2020/2021)”

 

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

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