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Manejo integrado de pragas na cultura da soja

Roberta Aparecida Carnevalli, Divania de Lima, André Mateus Prando, pesquisadores da Embrapa Soja, e Rogério de Sá Borges, analista da Embrapa Soja

O custo de produção e os impactos ambientais têm sido pontos preponderantes na cadeia produtiva da soja nos últimos anos. Uma das culturas mais plantadas e consumidas do mundo, a soja tem sido a fonte de proteína vegetal mais comercializada nacional e internacionalmente. Apesar da dependência alimentar do mundo pelo grão, é crescente a pressão por tecnologias de produção mais sustentáveis. Entre elas, a redução do uso de químicos (inseticidas) tem sido apontada como a mais premente para aumento da saudabilidade do alimento e redução da contaminação de águas, ar e solos. Por outro lado, toda vez que a cultura passa ser intensivamente produzida há um aumento na pressão de pragas e doenças que a acomete, fortalecendo um ciclo vicioso de quanto mais se cultiva, mais pragas e doenças, mais inseticidas e fungicidas são aplicados, mais pragas e doenças resistentes são selecionadas, ou seja, maior a necessidade de produtos químicos sintéticos para produzir. Nessa constante, tanto o produto quanto o ambiente carregam uma carga de produtos fitossanitários químicos indesejada para os padrões dos consumidores atuais. Para dirimir estes problemas e atingir a qualidade desejada, e ainda, reduzindo o custo da produção, o Manejo Integrado de Pragas da soja (MIP-Soja) se torna uma alternativa bastante viável. Uma tecnologia já bastante antiga mas que vinha sido esquecida pelos produtores pela facilidade/comodidade do controle químico em larga escala mas que vem sendo constantemente atualizada e pesquisada pela Embrapa Soja e frente a grande demanda atual por sustentabilidade, ganha vida novamente como uma ferramenta essencial para nossos sojicultores.

Trabalhos com MIP-Soja são realizados no Paraná objetivando a sua promoção junto aos agricultores, em uma parceria entre a Embrapa Soja e IDR-Paraná desde de 2012/2013. Nas últimas nove safras, foram conduzidas unidades de referência tecnológica em ambiente relevante, área de agricultores, gerando resultados expressivos na redução do uso de inseticidas, sem perdas de produtividade. Na média, as unidades referência de MIP utilizaram ao redor de 50% menos inseticida, garantindo uma economia equivalente de 60 a 130 quilos de soja/ha nas ultimas safras, garantindo produtividades superiores aos produtores não assistidos devido a controle de pragas feito apenas quando necessário, na hora certa.

Desta forma, o MIP-Soja permite maior retorno econômico para os agricultores e ganhos ambientais para sociedade, tornando este trabalho uma referência em agricultura sustentável.

O MIP integra diversas táticas protetoras da cultura ao ataque de pragas, por meio do conhecimento desses organismos e de suas interações com o ambiente. Para tal, se baseia na correta identificação e no constante monitoramento dos níveis populacionais das pragas e de seus inimigos naturais; na mortalidade natural e na tolerância das plantas às suas injúrias. As medidas de controle são condicionadas a níveis populacionais de pragas ou de suas injúrias. Entretanto, muitos produtores ainda programam previamente as aplicações de inseticidas, independente da necessidade, aproveitando aplicações de herbicidas e fungicidas. Dessa forma, se oneram os custos, se aumentam os riscos de contaminação das pessoas, do produto e do ambiente e se diminui a densidade populacional de agentes de controle biológico. Esses fatores levam a surtos populacionais e ao aumento da demanda por aplicações de inseticidas nas lavouras. Além disso, se acelera a seleção de insetos resistentes aos inseticidas e se fornecem argumentos para o estabelecimento internacional de barreiras não tarifárias à soja brasileira e seus derivados.

Por essas razões, propõem-se critérios adequados para decisão de aplicações de agrotóxicos, produtos mais seletivos aos inimigos naturais e integração de estratégias como controle biológico e cultivares mais tolerantes aos artrópodes-praga.

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

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