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Cigarrinhas e complexo dos Enfezamentos no milho, etapas do manejo para redução dos prejuízos

Simone Martins Mendes, Ivenio Oliveira, Dagma Silva e Luciano Cota pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo

A dificuldade do manejo da cigarrinha do milho Dalbulus maidis e do complexo dos enfezamentos, transmitidos por ela é tão grande, que não basta tomarmos medidas de controle somente durante o cultivo da cultura do milho. Na verdade, não podemos perder etapas do manejo durante todo ano. Isso mesmo, todo o ano temos alguma atividade para fazer no campo que implica diretamente no manejo do inseto e das doenças. Os enfezamentos são causados por três patógenos, sendo duas bactérias, o espiroplasma e o fitoplasma e um vírus, MRFV de nome comum vírus da risca do milho. Vale lembrar aqui que os três patógenos são sistêmicos, infectam e desenvolvem no floema da planta de milho e que dificultam a translocação dos fotoassimilados. Assim, à medida que a planta cresce, irão gerando os sintomas conhecidos do enfezamento que levam a diversos problemas nas plantas e redução da produtividade.

A primeira etapa e, talvez, a principal é colher bem o milho que está no campo agora! A colheita bem feita do milho evitará prejuízos futuros. Ganhar tempo regulando bem as colheitadeiras é fundamental. Pense bem, cada grão de milho perdido durante a colheita por metro quadrado, resultará em uma lavoura plantada (1 grão/m2, 60.000 grãos / ha). Para piorar, a germinação desses grãos perdidos na colheita, será irregular, assim sempre haverá plantas de milho no campo que servirão de HOSPEDEIRO, para a cigarrinha bem como para os patógenos causadores do complexo dos enfezamentos, os molicutes e o vírus do raiado fino (além de hospedeiro para outras pragas e patógenos do milho).

Depois da colheita, é necessário controlar o milho voluntário ou tiguera no campo. O grande alvo no manejo dos enfezamentos deve ser na redução, se possível à zero, do milho voluntário no campo. Isso porque ele é hospedeiro de todo complexo dos enfezamentos (cigarrinhas e patógenos). Assim, ao retirar a tiguera do campo estamos reduzindo o impacto negativo de vários problemas, incluindo a competição das plantas tigueras com a cultura que será semeada após o milho. Já para as ações do plantio é fundamental estabelecer, preferencialmente em nível regional, uma janela curta para o semeio. Assim quanto mais sincronizado o plantio, menor a chance de ter numa mesma região lavouras de milho mais velhas fornecendo cigarrinhas e patógenos para as lavouras mais novas.

Outras duas ações focadas no plantio, são: escolha de híbridos com maior nível de tolerância aos patógenos do enfezamento. Esta é uma uma medida extremamente importante para a redução dos prejuízos mas por si só não resolve o problema, devendo estar associada ao tratamento de sementes (ou adquirir sementes tratadas) com inseticidas com indicação para o controle da cigarrinha. Esta medida é importante para retardar a infecção da lavoura. Como dissemos anteriormente os patógenos são sistêmicos, assim quanto mais cedo a lavoura for infectada, maior a probabilidade de prejuízos futuros. Outras medidas são o semeio de híbridos adaptados para a época de plantio da região (primeira safra, segunda ou terceira safra), evitar o plantio tardio em cada safra e realizar o manejo indicado para a cultura, evitando os déficits ou excessos.

Seguindo com a lavoura de milho estabelecida precisamos ter é claro atenção com o manejo da praga. A maior atenção no monitoramento deve ser até o milho apresentar oito (no máximo nove) folhas completamente estabelecidas. Aqui será necessário entrar com medidas de controle com inseticidas químicos e biológicos se constatada a presença do inseto na lavoura. Após esse estádio de desenvolvimento em geral não temos mais benefícios econômicos no tratamento com inseticidas químicos. E aí voltamos novamente a necessidade da colheita bem feita.

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

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