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Manejo de nematoides: desafio para soja

Amélio Dall’Agnol, engenheiro agrônomo e pesquisador aposentado da Embrapa Soja

Estudo inédito, de alcance nacional, realizado pela Syngenta, Agroconsult e Sociedade Brasileira de Nematologia, apontou perdas anuais de R$ 65 bilhões somente no cultivo de soja, pelo ataque de nematoides. Estimativas indicam que uma em cada 10 safras é perdida por essa praga, cujos sinais são difíceis de detectar. É uma praga quase invisível e impossível de erradicar. Por isso, a principal medida a tomar é evitar sua introdução na propriedade, pois uma vez estabelecida no campo de produção, é para sempre. Uma vez na área, será necessário que o agricultor adote várias estratégias para manejar a praga, começando pela não introdução com máquinas e implementos infestados, que constituem a principal forma de disseminação da praga, visto que sua movimentação no solo é restrita e lenta.

Existem vários nematicidas no mercado capazes de combater os nematoides de uma área agrícola, mas seu custo para grandes áreas é proibitivo e o resultado nem sempre o desejável. Além dos nematicidas, existem outras formas de manejar a praga, como a rotação/ diversificação de cultivos, uso de plantas antagonistas, utilização de cultivares resistentes (quando existem) e uso de bionematicidas.

Os nematoides são microrganismos minúsculos, na maioria das vezes de impossível detecção a olho nu e que causam danos às plantas pela própria ação parasita, como, também, causam danos indiretos facilitando a entrada de outros microrganismos patogênicos (fungos, principalmente) nas lesões que provocam ao alimentar-se nas raízes. Se bem não podem ser vistos a olho nu, seus sintomas são visíveis na forma de plantas raquíticas e amareladas, que se manifestam em reboleiras, indicando as áreas infestadas pela praga. Cuidado, pois essas reboleiras podem ser confundidas com deficiências nutricionais ou com outros estresses.

Existem várias espécies de nematoides atacando quase todas as culturas. Para a cultura da soja, os nematoides de galhas (Meloidogyne spp.) e de cisto (Heterodera glycines) são os que mais causam danos à cultura, mas o mais encontrado, segundo o estudo mencionado acima, é Pratylenchus spp. (presente em 75% das áreas estudadas).

Embora a maioria das espécies de nematoides ataca as raízes da soja, a espécie Aphelenchoides besseyi ataca a parte aérea, causando a doença conhecida como haste-verde.
Em caso de suspeita de ocorrência de nematoides na lavoura, deve-se coletar plantas e solo e encaminhar para um laboratório, para verificação da ocorrência e identificação da(s) espécie(s) presente(s) para planejar o manejo da área infestada.

Nem todos os nematoides causam danos às lavouras. Existem nematoides benéficos, que atuam na decomposição da matéria orgânica e na mineralização de nutrientes, entre outros benefícios.
O produtor deve ficar atento para evitar a introdução de nematoides-praga na fazenda. Prevenir é melhor que remediar.

 

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

 
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