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Manejo do solo e ganho de produtividade

Amélio Dall’Agnol, engenheiro agrônomo

Ser agricultor e proprietário de uma gleba de terra é um privilégio. A terra é o bem maior de um produtor rural. Se ela for fértil, melhor ainda. Mas nem sempre é assim, e o agricultor precisa investir para tornar esse pedaço de chão mais produtivo. Isto é feito através de um bom manejo da área, para, não apenas melhorar as características químicas e físicas do terreno, mas também as biológicas. O estabelecimento do sistema plantio direto (SPD), a partir da década de 1990, foi uma ferramenta de imensurável importância na melhoria da qualidade dos solos brasileiros, estimulando a quase totalidade dos produtores, principalmente de grãos, a adotarem o sistema.

O manejo do solo se destaca como dos mais relevantes fatores que determinam a qualidade de um campo de produção agrícola. Bem manejado, o solo não apresenta compactação excessiva, encharcamento ou erosão. Além disso, acumula mais matéria orgânica, a qual o torna mais poroso e aumenta a sua capacidade de reter água das chuvas, além de facilitar o aprofundamento do sistema radicular das plantas. Por causa disso, as plantas cultivadas em um solo bem manejado conseguem, em períodos de baixa precipitação pluviométrica, suportar por mais tempo as deficiências hídricas sem perdas ou com perdas reduzidas.

Os indicadores biológicos da qualidade do solo podem ser usados para verificar como anda a “saúde do solo” com base na atividade dos organismos que ele abriga. A camada mais superficial do solo concentra a matéria orgânica, e é onde está a maior parte dos nutrientes e dos microrganismos benéficos. É onde está a vida. Os bioindicadores constituem uma característica importante do solo e que passava despercebida nas análises de fertilidade até o surgimento da tecnologia da bioanálise do solo, ou BioAS, que é capaz de avaliar a saúde do solo, de forma similar a um exame de sangue feito em animais. O resultado do exame pode revelar se há algo errado, mesmo antes do surgimento de sintomas, e auxiliar na tomada de ações corretivas.

Assim, a BioAS consegue antecipar mudanças – positivas ou negativas – que estejam ocorrendo no solo em função do manejo adotado na propriedade. Os bioindicadores são mais sensíveis e rápidos que os indicadores químicos e físicos na detecção de mudanças no solo, informa Ieda Carvalho Mendes, pesquisadora da Embrapa Cerrados, em Planaltina DF, responsável pelo desenvolvimento da BioAS.

Um grama de solo saudável possui bilhões de células de microrganismos interagindo entre si e desempenhando vários papeis, inclusive na ciclagem de carbono e nutrientes. Com a fauna e as raízes das plantas, os microrganismos constituem a maquinaria biológica do solo. A BioAS é baseada na atividade de duas enzimas que apresentam alta correlação com a atividade biológica, que por sua vez, está relacionada com a saúde do solo e a sua capacidade de dar suporte à maior produtividade das culturas. A pesquisadora Ieda Mendes explica que a escalada da melhoria de um solo começa com mudanças na atividade dessas enzimas, seguida pelo aumento da matéria orgânica, o que resulta, com o passar do tempo, em maior ciclagem de nutrientes, melhor estruturação do solo e maior retenção de água. A correlação entre produtividade e os bioindicadores é sempre alta.

 

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

 
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