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Controle biológico de pragas e doenças de plantas

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja

A sociedade global está em estado de alerta quanto à sustentabilidade ambiental do planeta. Críticas ao uso de combustíveis fósseis, agrotóxicos e desmatamentos ilegais estão na ordem do dia de qualquer governo, de vez que o comércio mundial está a exigir mais respeito à preservação dos recursos naturais utilizados na obtenção dos bens que adquire do mercado. Sem comprovação de que o produto que está adquirindo é social, econômica e ambientalmente sadio, o cidadão pode rejeitá-lo e o Brasil poderá sofrer sanções nesse sentido por causa dos desmatamentos ilegais na Amazônia.

Uma das ferramentas sustentáveis utilizadas com crescente frequência pelo mundo, é o controle biológico para combater pragas, doenças e invasoras das lavouras em substituição aos agrotóxicos, esses de ação mais rápida e eficiente no controle sanitário, mas também responsáveis por contaminação ambiental e morte de inimigos naturais das pragas que pretendem combater.
O Brasil é protagonista na produção e no uso de produtos biológicos. Atualmente, o País hospeda o maior programa de controle biológico do mundo. Esse protagonismo é fomentado pela busca incessante por sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola e segurança alimentar e é incentivado pelos recentes avanços biotecnológicos que têm permitido a prospecção de novos agentes, aprimoramento de formulações e de técnicas de criação em larga escala.

O controle biológico, como o próprio nome sugere, indica a utilização de agentes vivos (inimigos naturais) para combater pragas ou fitopatógenos, podendo ambos pertencer aos mesmos grupos biológicos (insetos, fungos, vírus ou bactérias). Os produtos de controle biológico atuam eliminando seu alvo infectando-as, parasitando-as ou alimentando-se delas.
O controle biológico pode ocorrer naturalmente na natureza pelo convívio entre pragas ou fitopatógenos e seus inimigos naturais presentes em determinado local ou ser importados de outras regiões, países ou continentes, razão pela qual muito cuidado precisa ser dado à introdução de espécies exóticas no ambiente e que podem encontrar condições favoráveis para sua multiplicação descontrolada, tornando-se nocivos ao invés de agentes controladores dessas pragas ou fitopatógenos.

Realizar um eficiente controle biológico requer planejamento e gerenciamento intensivos. A dificuldade operacional para liberar os agentes biológicos em larga escala sobre lavouras comerciais foi superada com o desenvolvimento de modernos drones, capazes, por exemplo, de liberar os agentes de controle de pragas sobre grandes áreas de lavoura, sem o inconveniente de contaminação ambiental e de dano que o trânsito de máquinas e equipamentos pode causar às lavouras para realizar o mesmo controle usando agrotóxicos.

Uma dificuldade para atrair mais agricultores a valer-se do controle biológico para eliminar as contrariedades sanitárias de suas lavouras, é a expectativa vigente entre os agricultores “do matar rápido” – como acontece com o uso de agrotóxicos – não levando em conta a importância da preservação dos inimigos naturais das pragas e dos fitopatógenos.

 

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

 
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