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O Brasil precisa agregar valor aos produtos agrícolas exportados

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja

Quando a mídia veicula informações sobre o agronegócio brasileiro, muitos cidadãos do país não têm clareza sobre o real alcance desse importante setor da economia nacional.
Muitos resumem o entendimento de agronegócio como representando apenas as atividades que ocorrem dentro da porteira das fazendas. Mas agronegócio é muito mais do que isto. Ele inclui todas as atividades que precedem a produção no campo (comércio de máquinas, implementos e insumos) e o que acontece com a produção depois da porteira (transporte, armazenamento e processamento, entre outros).

A eficiência produtiva do agro tem garantido ao Brasil sucessivos recordes de produção e produtividade, gerando desenvolvimento e oportunidades dentro e fora das fazendas, tanto na agricultura quanto na pecuária. Embora a produção agrícola assuma maior protagonismo na economia do Brasil (64% do VBP em 2021), a pecuária não é menos importante, por suas demandas por rações, vacinas e remédios necessários para manter saudáveis os rebanhos de bovinos, suínos e aves, para o que a indústria precisa ser acionada permanentemente.

O Brasil ainda é pequeno quanto à sua participação no comércio internacional de produtos agropecuários processados e mais valorizados monetariamente, a exemplo do que faz a Holanda, país pequeno no tamanho, mas gigante nas exportações de produtos agroindustriais; o segundo maior exportador depois dos Estados Unidos. Em volume exportado, o Brasil ganha com folga da Holanda, mas perde em faturamento, pois o Brasil exporta produtos primários e a Holanda produtos industrializados, embora seja importante salientar que boa parte do que a Holanda exporta são produtos importados, processados internamente, e reexportados.

Em questão de comércio internacional, o Brasil precisa despertar do seu “berço esplêndido” e começar a ensaiar seu grito de independência, buscando novos mercados para produtos industrializados de mais alto valor. Já damos alguns passos nesse sentido, como a comercialização de carnes processadas, celulose, farelo e óleo de soja, mas ainda é pouco ante o volume exportado de commodities: soja e café em grãos, petróleo bruto, minério de ferro, entre outros.

Desde janeiro de 2019, o governo brasileiro abriu mais de 200 novos mercados para produtos da agropecuária nacional (15 em 2022, 77 em 2021 e outros 74 em 2020) o que contribuiu para que o agronegócio incrementasse sua participação no PIB nacional para 27,53%, o maior desde 2004. Em 2019, 35 mercados entraram para a lista de exportações do Brasil. O Brasil tem muito potencial para evoluir e ser um importante player no mercado mundial de produtos agrícolas industrializados. Mas precisa reconhecer que para alcançar a sofisticação da Holanda na oferta de produtos mais valorizados, a qualidade dos produtos oferecidos precisa vir acompanhada de mão de obra, igualmente de qualidade. Quase todos os produtos exportados pela Holanda, por exemplo, são industrializados e produzidos em estufas, com controle total de todos os fatores de produção.

Sem depender de tamanha sofisticação, o Brasil poderia conquistar mercados, oferecendo produtos menos caros, mas com qualidade equivalente, pois nosso país conta com mais recursos naturais que o país europeu, considerando a quantidade de terra apta e disponível, o sol brilhando o ano inteiro e a água abundante para irrigação.

 

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

 
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