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Manejo do solo para altas produtividades

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja

A produtividade de um campo de produção agrícola é resultado da junção de diversos fatores, dentre os quais se destaca o clima, seguido pela qualidade do solo. Sem umidade e temperaturas adequadas não há produção. Sem um solo química, física e biologicamente bem manejado não se pode almejar a obtenção de altas produtividades. O solo é o ambiente dentro do qual as raízes das plantas se desenvolvem, absorvendo a água e os nutrientes necessários à produção. Se esse ambiente não for confortável, a planta não se desenvolve ou o faz com muito esforço, respondendo com baixa produtividade.

E o que é um solo bem manejado? É aquele que pelo tratamento recebido ao longo das safras apresenta uma estrutura física porosa, resultado da concentração de altos níveis de matéria orgânica, com boa capacidade de absorver e reter a água das chuvas, resultando em pouca ou nenhuma erosão. Ademais das qualidades físicas, esse solo apresenta níveis adequados e equilibrados de nutrientes essenciais, tornando-o um solo cheio de vida, com grandes concentrações de micro e macrorganismos.

Para construir um solo com tais características leva-se anos, iniciando pelo diagnóstico das condições químicas, físicas e biológicas do mesmo. Não se pode começar buscando a melhoria de um campo de produção sem conhecê-lo por dentro e isso é feito por meio de uma análise do solo bem feita, a qual informa o agricultor sobre as deficiências e fortalezas do mesmo. A partir desse conhecimento, o próximo passo a ser dado pelo produtor é investir para corrigir suas fraquezas, começando pela correção da acidez, caso ela se faça presente, seguida pela descompactação e construção de curvas de nível para reter o excesso de água das chuvas, evitando a erosão. Se a análise indicar deficiência de nutrientes essenciais, é necessário suprir essas carências com adição de fertilizantes.

Num solo bem manejado, máquinas pesadas não circulam pela gleba com solo muito úmido, compactando-o; não circulam no sentido da declividade do terreno, abrindo sulcos que promovem a erosão. Solos bem manejados suportam estiagens, porque estão protegidos contra a perda de umidade pela abundante palhada proporcionada pela rotação de culturas, além de agregar-lhe matéria orgânica, que fornece nutrientes, melhora a estrutura física e enriquece a microbiota.

A reconstrução da capacidade produtiva de um solo degradado necessita da adoção de um modelo agropecuário regenerativo para recompor sua fertilidade natural perdida ao longo de anos de agricultura e pecuária convencionais mal manejados. A rotação de culturas, o sistema plantio direto e a integração de lavouras com pecuária são tecnologias dominadas e com benefícios consolidados, proporcionando melhorias na estrutura física do solo, maiores infiltração e retenção de água, proteção contra altas temperaturas, redução de competição com invasoras, ciclagem de nutrientes e incremento do teor de matéria orgânica. Um solo sadio, com a biodiversidade restabelecida, responde com maior produtividade.

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

 
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