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Entenda o risco representado pelo percevejo-verde-pequeno da soja

Amélio Dall’Agnol e Adeney de Freitas Bueno, pesquisadores da Embrapa Soja

Com o Brasil ocupando a liderança global da produção e das exportações de soja, o manejo adequado das pragas e das doenças é fundamental para evitar perdas de produtividade e, consequentemente, de produção. Tais perdas poderiam levar o país a devolver a posição de liderança conquistada a duras penas dos Estados Unidos, no correr dos últimos 50 anos.

Dentre os insetos-praga, os percevejos são os que têm o maior potencial de provocar danos à cultura da soja pelo seu hábito sugador de grãos. Considerando populações equivalentes de percevejos, piezodorus guildinii é a espécie que causa os danos mais severos na oleaginosa. No Brasil, era pouco encontrado até a década de 1970 e hoje está presente desde o Rio Grande do Sul até o Piauí. Sua frequência pode mudar de uma região para outra e na mesma região, de uma safra para a outra, a depender das condições climáticas.

A presença do percevejo-verde-pequeno nas lavouras de soja pode ocorrer durante todo o ciclo da cultura, mas somente causa danos a partir da fase reprodutiva, em especial durante a fase de enchimento dos grãos. Tais danos podem resultar em perdas significativas no rendimento, na qualidade do grão e no potencial germinativo. O percevejo realiza a postura dos seus ovos em qualquer tecido da planta, mas prefere coloca-los nas vagens. Quando há um ataque intenso na fase reprodutiva pode ocorrer um distúrbio fisiológico conhecido como “soja louca”, fazendo com que as plantas permaneçam verdes e as vagens sequem.

As infestações de P. guildinii começam pelas bordaduras da lavoura e avançam para o centro do talhão. Este percevejo, diferente de outras espécies, não entra em diapausa na entressafra, sobrevivendo em plantas hospedeiras. Ele completa três gerações na soja e mais uma ou duas em outro vegetal. Geralmente, esse percevejo atinge o pico populacional mais cedo do que as demais espécies, apresentando maior densidade no final do enchimento de grãos e na maturação.

Para um controle mais econômico e sustentável dessa praga, é importante monitorar sua população com o uso do pano de batida e só recomendar o tratamento com inseticidas químicos, quando o levantamento indicar a presença de dois indivíduos (adultos ou ninfas maiores que 0,5 cm) por pano de batida para lavouras produtores de grãos e de um indivíduo por pano de batida para lavouras para produção de sementes.

O monitoramento semanal é uma das bases do manejo integrado de pragas (MIP) e resulta no levantamento simultâneo das principais pragas que afetam a cultura da soja. O MIP tem dado resultados extremamente satisfatórios em um programa de transferência de tecnologia realizado em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) no Paraná.

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

 
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