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Podridão radicular causada pela phytophthora pode destruir lavoura de soja

Amélio Dall’Agnol e Rafael Moreira Soares, pesquisadores da Embrapa Soja

Muitas doenças ocorrem na cultura da soja e comprometem o desenvolvimento das plantas, afetando a sua produtividade e a qualidade dos grãos. Algumas dessas enfermidades atingem a parte aérea e outras o sistema radicular.  As doenças que afetam primariamente o sistema radicular são causadas por patógenos que habitam o solo e que podem sobreviver em restos culturais da própria soja.

Uma dessas doenças é a podridão radicular de phytophthora (se pronuncia “fitóftora”), enfermidade causada pelo oomiceto phytophthora sojae, o qual encontra condições ótimas para seu desenvolvimento em solos úmidos e temperaturas entre 25 ºC e 28 ºC. Solos encharcados são apropriados para o desenvolvimento da doença, como as lavouras de soja em áreas de várzea, utilizadas para o cultivo do arroz irrigado no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, e agora também utilizadas para o cultivo da soja em rotação com o arroz, visando reduzir a mato-competição na lavoura do cereal.

A podridão radicular de phytophthora pode ocorrer nas plantas em qualquer estádio do desenvolvimento. Apresenta como principais sintomas na soja, o apodrecimento das sementes e a morte das plântulas, resultando em baixo estande e/ou desuniformidade da lavoura. Em plantas adultas, ocorre o escurecimento a partir da raiz até a haste principal e suas ramificações. O interior das hastes torna-se escuro, as raízes apodrecem, as folhas amarelecem e secam, a planta murcha e morre.

Segundo a literatura, a podridão da raiz e da haste da soja causada por phytophthora foi identificada pela primeira vez em 1948 no estado de Indiana, nos Estados Unidos. Hoje, está presente em 24 estados americanos, afetando 8 milhões de hectares, principalmente no cinturão agrícola do meio-oeste, onde é considerada a segunda doença mais importante da soja, depois do nematoide de cisto.

No Brasil foi observada pela primeira vez em 1995, no Rio Grande do Sul e, a partir de 2005, os danos causados por Phytophthora sojae se agravaram. Seu potencial de dano não pode ser desconsiderado. É uma das doenças mais destrutivas da cultura, podendo reduzir drasticamente a produção com a semeadura de cultivares altamente suscetíveis, em locais infestados. Atualmente, a doença já foi encontrada nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Tocantins, São Paulo e Bahia.

A transmissão e a disseminação do patógeno não ocorrem por sementes. O solo e os restos culturais de soja contaminados são as principais fontes de inóculo inicial. O patógeno produz uma estrutura denominada oósporo, que permite a sobrevivência no solo por muitos anos na ausência do hospedeiro. Por essa razão, a rotação de culturas não é tão efetiva para o manejo da doença. O problema com a doença pode aumentar com o uso sucessivo de cultivares de soja suscetíveis.

A melhor estratégia de controle é a semeadura de cultivares resistentes. O manejo adequado do solo para evitar compactação e proporcionar bom desenvolvimento das raízes, é outra estratégia recomendada para reduzir a pressão desse patógeno nas lavouras.

 

 

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

 
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