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Zoneamento Agrícola de Risco Climático e as áreas com aptidão para o cultivo da soja

Amélio Dall’Agnol e Divânia Lima, pesquisadores da Embrapa Soja

A área agrícola cultivada no Brasil se aproxima dos 70 milhões de hectares (Mha). Mas o Brasil pode muito mais. Não seria exagero estimar que o País poderia explorar até 200 Mha, incorporando apenas áreas agrícolas abandonadas, subutilizadas ou com pastagens degradadas. As áreas cobertas com pastagens no Brasil somam 180 Mha, dos quais 120 são pastagens cultivadas (86 Mha com braquiárias) e 60 Mha com pastagens nativas, improdutivas.

Mas nem todas as áreas agricultáveis do país são igualmente aptas para o cultivo da soja, seja porque a quantidade de chuvas necessárias para o desenvolvimento da cultura é insuficiente, ou a textura do solo ou ainda a declividade são desfavoráveis ou apresentam limitações de temperatura, dada a latitude ou altitude do local.

A Embrapa, em parceria com outras instituições técnico-científicas brasileiras (DNAE, Inmet, Aneel, Iapar (atual IDR), Epagri, Unicamp e IAC) desenvolveu o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). O Zarc baseia-se na construção de modelos fundamentados em parâmetros edafoclimáticos para cada cultura e região. Foi desenvolvido inicialmente para a cultura do trigo em 1996 e, hoje contempla mais de 40 culturas, em 26 estados, mais o Distrito Federal.

No caso da soja, são utilizadas na construção do modelo as séries climáticas históricas (mínimo 15 anos), correlacionadas ao ciclo/grupo de maturidade das cultivares e à capacidade de retenção de água do solo, de forma a evitar que adversidades climáticas, especialmente os veranicos, coincidam com o florescimento e enchimento dos grãos da lavoura, que são as fases mais críticas do desenvolvimento da cultura.

A cada safra agrícola, o Ministério da Agricultura publica no Diário Oficial da União as Portarias do Zarc para cada cultura e Estado da Federação. Nessas portarias são indicadas para cada município os melhores períodos de semeadura, considerando as características do clima, o tipo de solo e o ciclo das cultivares. Assim, o Zarc se constitui em ferramenta fundamental de apoio ao agricultor para a tomada de decisão no planejamento e execução das atividades no campo.

O Zarc, juntamente com outros mecanismos de proteção agrícola (zoneamento de aptidão agrícola, zoneamento agroclimático e zoneamento agrícola, entre outros), é um importante instrumento de política agrícola e de gestão de riscos na agricultura. Esse instrumento serve de orientação para o crédito de custeio agrícola oficial, bem como para o enquadramento no seguro rural privado e dos programas governamentais públicos (SEAF e PROAGRO). Os agricultores, para terem acesso ao Proagro e ao Programa de Seguro Rural do MAPA, são obrigados a seguir as orientações fornecidas pelo Zarc no estabelecimento das lavouras. Alguns agentes financeiros também estão condicionando a concessão do crédito rural às orientações estabelecidas pelo zoneamento.

O Zarc é revisado a cada ano-safra para cada cultura e para cada região do País. Os resultados são divulgados pelo MAPA, em portarias publicadas no Diário Oficial da União, onde podem ser acessados livremente por técnicos e produtores (http://www.agricultura.gov.br). Salienta-se que estas portarias só têm vigência para o ano-safra nelas indicado, e que mesmo contendo a lista de cultivares indicadas para cada região, recomenda-se consultar o site do Registro Nacional de Cultivares, a fim de obter informações mais detalhadas sobre as cultivares.

O Zarc é capaz de indicar, com boa margem de segurança, o período mais apropriado para efetuar a semeadura de soja, nas mais diversas regiões do País.

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

 
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