José de Barros França Neto; Francisco Krzyzanowski e Fernando Henning, pesquisadores da Embrapa Soja

Na safra 2019/2020, em diversas regiões brasileiras, tem sido relatada a ocorrência de elevados índices de sementes de soja esverdeadas. Índices expressivos superiores a 50%! A presença de grãos esverdeados já é um sério problema para a indústria de esmagamento, pois a produção de óleo tem custo aumentado devido à adoção de práticas de remoção da clorofila.

Para sementes, o problema é muito mais sério, pois implica na drástica redução da germinação e do vigor. Na presente safra, a ocorrência de seca associada a elevadas temperaturas nas fases de enchimento de grãos e em pré-colheita resultaram em morte prematura das plantas e na maturação forçada das sementes. Com isso as duas principais enzimas associadas com a degradação da clorofila, magnésio quelatase e clorofilase, foram desativadas, culminando na produção de altos níveis de sementes esverdeadas.

Quanto maior o índice desse problema, menores serão a germinação e o vigor. Dados de pesquisa da Embrapa Soja em conjunto com a UFLA sugerem que em pré-colheita, níveis de até 9,0% de sementes esverdeadas poderão ser tolerado; logicamente, o ideal seria ter 0,0% do problema. A remoção de sementes esverdeadas de um lote pode ser realizada por equipamentos selecionadores de cores, que, apesar de caros, removem grande parte dessas sementes esverdeadas.

Além disso, por serem menores, a classificação por tamanho das sementes pode resultar em melhoria da qualidade fisiológica do lote de semente, pois a maior concentração de sementes esverdeadas ocorrerá nas menores classes de tamanho, que poderão ser descartadas; as sementes das classes maiores, por terem um menor porcentual dessas sementes, tenderão a apresentar melhores germinação e vigor. Caso possível, armazenar as sementes em condições climatizadas (10 oC, 60% UR) preservará melhor a qualidade das sementes durante o armazenamento.

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja