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Manejo de pragas da soja traz resultados positivos

Adeney de Freitas Bueno, pesquisador da Embrapa Soja

Manejar pragas com um uso racional de inseticidas é possível e traz economias para o bolso do sojicultor, além de grandes vantagens ecológicas a médio e longo prazo ao meio ambiente, deixando a produção de soja mais sustentável. Essa realidade vai além das pesquisas e já pode ser observada em campo, em áreas comerciais de produtores de soja do estado do Paraná, graças ao trabalho conjunto realizado pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Soja. Nos resultados dos primeiros 5 anos do projeto, é possível observar uma economia no uso de inseticidas entre 43,2% (safra 2016/2017) e 55,9% (safra 2017/2018) quando comparamos as áreas de produtores conduzidas pelos técnicos da Emater com a média do estado do Paraná. Isso representou uma economia de quase 2 sacas de soja/ha que deixaram de ser gastos com inseticidas nessas safras graças ao uso do MIP-Soja, representando mais dinheiro que vai para o bolso do produtor rural.

No sexto ano do projeto, os resultados foram separados em áreas cultivadas com soja Bt e áreas cultivadas com soja não-Bt. Assim, podemos observar a redução de 48,8% do uso de inseticidas em áreas de soja não-Bt e 53,6% de redução do uso de inseticidas em áreas de soja Bt graças a adoção do manejo integrado de pragas. Nessa safra a redução no gasto com inseticidas propiciou uma economia de 2 sacas/ha.

O melhor de tudo isso é que esse menor uso de inseticida é possível sem qualquer perda de produtividade. Sendo assim, os produtores que adotaram essa tecnologia de manejo já economizaram entre 1,8 sacas (safra 2016/2017) e 3 sacas (safra 2014/2015) por hectare/ano nos gastos com controle de pragas nesses 6 anos de projeto. Isso é bom para o meio ambiente (menor uso de agrotóxicos) e principalmente para o bolso do produtor que passa a ter maior lucratividade.

Mas como essa economia de inseticidas é possível?
Isso somente é possível porque a planta de soja tem uma tolerância natural ao ataque de pragas antes de ter sua produtividade reduzida. Apesar de todas as mudanças que a planta de soja sofreu ao longo dos anos (ciclo precoce, hábito indeterminado, plantas geneticamente modificadas – Bts), os resultados de pesquisa publicados comprovam que a planta de soja continua tendo boa tolerância ao ataque de pragas. Portanto, a aplicação de inseticidas é apenas justificável quando a população de pragas for igual ou superior aos níveis de ação (NA).

Confiabilidade do nível de ação de percevejos
Apesar de nos últimos anos algumas publicações afirmarem que a esses níveis de ação estariam desatualizados, os resultados obtidos na pesquisa e observados em campo mostram outra realidade. Para percevejos, as afirmações de que por muito tempo o seu controle teria supostamente sido realizado tardiamente (como sendo erros de recomendação da pesquisa) são negadas por observações de campo onde claramente percebemos que não há nenhum benefício da aplicação mais cedo dos inseticidas. Quando comparamos a produtividade obtida em áreas onde o nível de ação de 2 percevejos ≥ 0,5 cm/metro foi adotado com áreas que tiveram aplicações mais cedo, podemos observar que mesmo em situações quando a produtividade total foi maior no tratamento com aplicação mais cedo (66,5 sacas na safra 2010/11), quando o maior gasto com inseticida é descontado dessa produtividade, a lucratividade é sempre maior no tratamento que seguiu o nível de ação de 2 percevejos estabelecido pela pesquisa (1 saca a mais no exemplo da safra 2010/11).

Portanto, o argumento apresentado por alguns que a menor aplicação de inseticidas para lagartas na soja Bt está aumentando a infestação de percevejos no campo também não parece estar acontecendo na realidade. Quando o monitoramento é realizado e o nível de ação adotado, nas áreas de soja Bt a média de aplicação para percevejos (128 áreas) no Paraná foi de 1,1 aplicações/safra enquanto a média de aplicações (113 áreas) de percevejos na soja não-Bt foi de 1,2 aplicações/safra na safra 2018/19.
Portanto, é evidente que não existe motivos aparentes para não se realizar MIP ou ter qualquer medo de aguardar o nível de ação para usar inseticidas apenas no momento necessário para manejo de pragas da soja.

 

Fonte: https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja

 
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