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Manejo de braquiárias e o ácido aconítico

Elemar Voll, pesquisador da Embrapa Soja.

Urochloa ruziziensis é uma importante espécie de braquiária como pastagem e, também, como cultura de cobertura. Ela se encaixa nos sistemas de produção após a cultura da soja e nos consórcios com milho e sorgo, atuando na redução da sobrevivência de espécies de plantas daninhas comuns e resistentes aos herbicidas. Como consequência, as pulverizações de herbicidas são reduzidas, porque a integração do herbicida com a cobertura com braquiária proporciona maior eficiência de controle e aumento de produtividade das culturas.

O efeito alelopático da braquiária é proporcionado pelo ácido aconítico (AA). Em campo, os seus efeitos se somam aos efeitos físicos da cobertura vegetal (interfere na germinação e na taxa de sobrevivência das invasoras), bem como aos efeitos biológicos (deterioração e perda de viabilidade das plantas daninhas). É importante isolar os diversos efeitos da braquiária sobre essas espécies daninhas (redução na germinação, no crescimento do caule e principalmente das raízes) e avaliar suas consequências. Por outro lado, sabe-se que o AA tem importantes funções fisiológicas nas plantas.

Em experimento de campo conduzido durante cinco anos e em solo com boa cobertura de braquiária, observou-se redução do banco de sementes de trapoeraba. Foram comparados os resultados conduzidos nos sistemas de plantio direto e convencional, com e sem controle herbicida dessa planta daninha. A introdução da braquiária apresentou maior eficiência no seu controle do que aplicações anuais do herbicida glifosato. Houve menor sobrevivência da trapoeraba em ambos os manejos de solo, sendo mais significativo no plantio direto. Ou seja, uma estimativa de eliminação do banco de sementes foi de 40 anos para 20 anos no sistema convencional e de 22 anos para 13 anos no plantio direto, nas comparações entre a aplicação ou não de glifosato no controle da braquiária. Espécies daninhas como picão-preto e amendoim-bravo, controladas anualmente, podem ter a sua sobrevivência reduzida para 3 a 4 anos.

Atualmente, os agricultores produzem soja no verão, depois cultivam o milho segunda safra na sequência, em consórcio com U. ruziziensis. A introdução da braquiária tem sido desejada como solução econômica de manejo da buva e capim-amargoso. Essas invasoras podem apresentar resistência a herbicidas, como ao glifosato, e ter o seu controle limitado pelo tamanho das plantas e estágio de crescimento. O consórcio do milho com a braquiária vem resultando em aumento de rendimento da soja, por controlar as citadas plantas daninhas resistentes.

Resultados de experimento de campo com o plantio da soja seguido do cultivo de sorgo em consórcio com diferentes espécies de braquiárias indicaram o favorecimento da produção de sorgo ou da braquiária, dependendo do objetivo do sistema: produzir grãos ou pasto. Observou-se benefícios no controle das invasoras, como a buva e o capim-amargoso e, posteriormente, incrementos na produção de soja.

Segundo relatos de agricultores dos estados do MT, MS e PR, a introdução da braquiária no plantio direto, sistema predominante em todas as regiões produtoras de soja do Brasil, favoreceu a produtividade da cultura. Uma boa cobertura vegetal do solo na fase da implantação da cultura da soja no sistema de plantio direto é muito importante. A braquiária U. ruziziensis destaca-se pela melhor adaptação a solos das regiões produtoras de soja e pela satisfatória produção de biomassa.

 

Fonte: https://blogs.canalrural.uol.com.br/embrapasoja/2019/01/08/manejo-de-braquiarias-e-o-acido-aconitico/

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