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Manejo de coberturas vegetais e controle de plantas daninhas na soja

Elemar Voll,  pesquisador da Embrapa Soja

O controle das invasoras deve ser pensando dentro de um contexto que envolva os outros manejos da cultura. Também é preciso planejamento com cultivos anteriores e posteriores à soja, que devem ser planejados para aumentar a biomassa na lavoura e favorecer maior atividade biológica e liberação de substâncias alelopáticas, para maior controle das invasoras, resultando em maior produtividade das culturas.

São exemplos os manejos com braquiárias, consorciadas ou não com soja, milho ou sorgo, em plantio direto. Essas práticas têm reduzido infestações de buva e capim-amargoso, via a liberação de ácido aconítico (C6H6O6), substância alelopática. A cobertura do solo com a braquiária tem controlado um maior número de espécies de plantas daninhas, como a trapoeraba, o carrapicho-de-carneiro, o amendoim-bravo, a corda-de-viola, guanxuma e o picão-preto.

A introdução da cultura da soja em áreas de pastagens degradadas, seguido por braquiárias, também podem ter esses benefícios, principalmente a redução no uso de herbicidas, inseticidas e fungicidas.
As palhadas de trigo (ou aveia) resultam em sombreamento e liberação de substâncias alelopáticas, como os ácidos cumárico e ferúlico, que reduzem a emergência de diversas espécies daninhas e o seu período de sobrevivência no solo, reduzindo as ações de controles anuais pela complementação (reduzida) com herbicidas.

Comparando os manejos de semeadura direta e convencional (em soja/trigo) a sobrevivência das gramíneas capim-marmelada e capim-colchão, em sistema de plantio direto foi reduzida de 10 para 5 anos e de 7 para 5 anos, respectivamente; para espécies de folhas largas, como caruru, de 9 para 5; carrapicho-de-carneiro, de 9 para 7; picão-preto, de 4 para 3 anos.

Manejos de dessecação da aveia-preta (e do milheto), na pré-semeadura da soja, têm apresentado melhores resultados quando ocorre até 15 dias antes da semeadura, controlando diversas espécies daninhas. Aplicações próximas à semeadura podem resultar em competição posterior com a cultura. Níveis de controle aumentaram com até 9 t ha-1 de palha. Alguns genótipos de plantas de aveia tem apresentado maior potencial alelopático, não sendo observado efeitos sobre a soja.

Coberturas com milheto antecedendo a cultura da soja destaca-se como uma das principais culturas de cobertura verde e produção de palha, devido ao seu rápido desenvolvimento vegetativo, pois atinge 5 a 8 t ha-1 de matéria seca aos 45 a 60 dias após a semeadura, proporcionando excelente cobertura do solo e controle de plantas daninhas, como guanxuma capim-marmelada, picão-preto, apaga-fogo e carrapicho-de-carneiro. O efeito supressor do milheto é menor que o da aveia, embora produza maior quantidade de massa.

O sorgo (safrinha), consorciado ou não com a braquiária, destaca-se como alternativa na rotação de culturas. Genótipos de sorgo reduziram a densidade e o crescimento de guanxuma, picão-preto e capim-marmelada, aos 30 dias após a semeadura, indicando reduções de 41% de infestação e de 74% de massa seca total das plantas daninhas. Resíduos de palha sorgo-de-guiné e forrageiro reduziram os crescimentos das partes aérea e radicular da soja e o rendimento de grãos. Podem causar dano à cultura de trigo em sucessão, sem afetar a produção. Entre as substâncias alelopáticas liberadas pelo sorgo, sorgoleone (SGL) é o principal composto e o tanino. O nabo forrageiro, como cobertura de inverno, caracteriza-se pelo crescimento inicial extremamente rápido, cobrindo o solo em 30 a 45 dias, abafando as plantas daninhas desde o início do seu desenvolvimento.

Coberturas de cana na sua colheita mecanizada, sem a sua queima prévia, deixa cerca 17 t/ha de resíduos no solo, podendo impedir o crescimento de várias espécies de plantas daninhas, contribuindo para o menor uso de herbicidas e maior quantidade de matéria orgânica no solo, favoráveis à produção de soja.
Finalizando, apenas através de medidas de controle por diferentes tratos culturais, numa sequência de anos, pode-se prover a redução dos períodos de sobrevivência das diversas espécies daninhas no solo. Essas medidas podem reduzir custos e problemas no meio ambiente.

Fonte: http://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja/2018/03/20/manejo-de-coberturas-vegetais-e-controle-de-plantas-daninhas-na-soja/

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