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Inoculação com Azospirillum: bons rendimentos com menor custo para o agricultor

Mariangela Hungria e Marco Antonio Nogueira, pesquisadores da Embrapa Soja

O cultivo de diversas gramíneas, incluindo culturas de grãos como o milho e pastagens com as braquiárias, vem expandindo pelo país, e a nutrição adequada das plantas é essencial para atingir bons rendimentos. Existem algumas bactérias denominadas Azospirillum que conseguem promover o crescimento de plantas, auxiliando o agricultor a produzir com menor custo e menor impacto ambiental.

A ação dessas bactérias se dá por diversos mecanismos, principalmente via produção de hormônios do crescimento de plantas e fixação biológica do nitrogênio (FBN). A produção de hormônios vegetais resulta em maior crescimento das raízes e, com isso, a planta consegue absorver mais nutrientes do solo, inclusive com melhor aproveitamento dos fertilizantes. Com mais raízes, a planta também consegue absorver mais água, aumentando a tolerância a períodos de seca moderada. Cabe ressaltar que, com a produção de hormônios vegetais, o Azospirillum também favorece o crescimento de leguminosas, como a soja e o feijoeiro.

Pelo processo de FBN, o Azospirillum também consegue capturar o nitrogênio da atmosfera (N2) e transformá-lo em fertilizante nitrogenado para as plantas. Nas gramíneas, porém, em uma escala bem menor do que no caso dos rizóbios em simbiose com leguminosas, como a soja.

A indústria multiplica as bactérias selecionadas pela pesquisa e as disponibiliza aos agricultores, via um insumo denominado inoculante. Existem inoculantes líquidos e inoculantes sólidos (em turfa), mas para maximizar a sua eficiência, o agricultor deve utilizar boas práticas de inoculação:

1) Verifique se o produto tem registro no Ministério da Agricultura (Mapa) e o prazo de validade;
2) Pergunte ao fornecedor sobre as condições de transporte e armazenamento, garantindo que não foi exposto ao sol ou a temperaturas muito altas (superiores a 35ºC);
3) Em caso de dúvidas sobre a procedência ou qualidade do produto, consulte um fiscal do Mapa;
4) O agricultor também deve transportar e conservar o inoculante em lugar fresco e bem arejado;
5) Siga rigorosamente as instruções do fabricante. Como essas bactérias produzem grande quantidade de hormônios vegetais, não vale a regra de “quanto mais melhor”, pois o excesso pode inibir o crescimento das raízes;
6) Para melhor aderência dos inoculantes turfosos, umedeça as sementes com, aproximadamente, 300 ml/50 kg semente de solução açucarada a 10% (100 g de açúcar/litro de água) e, então, aplique o inoculante;
7) Caso seja necessário o uso de agroquímicos, aplique-os primeiro, deixe secar e aplique o inoculante em uma segunda operação;
8) A inoculação pode ser feita em tambor rotatório, betoneira ou em máquinas específicas para a inoculação, que também permitem o tratamento com agroquímicos. Verifique sempre se o inoculante foi distribuído uniformemente nas sementes;
9) Faça a inoculação à sombra, deixe secar por cerca de 20-30 minutos e mantenha a semente inoculada protegida do sol e do calor excessivo;
10) Não use inoculante diretamente na caixa semeadora e não faça o “sopão” com agroquímicos e inoculantes;
11) Maior sucesso é obtido quando a semeadura é realizada no mesmo dia da inoculação, especialmente se a semente for tratada com agroquímicos. Em caso de dúvida, repita a operação de inoculação;
12) Na semeadura, evite o aquecimento, em demasia, do depósito de sementes; se necessário, resfrie externamente o reservatório
13) A inoculação também pode ser feita no sulco, com o produto diluído em água (no mínimo 50 L/ha), seguindo a dosagem recomendada pelo fabricante;
14) Evite semear “no pó”, pois as bactérias são sensíveis ao dessecamento;
15) Como as taxas de FBN por Azospirillum são baixas, o agricultor deve sempre complementar a nutrição de gramíneas com fertilizante nitrogenado. Na base, bons resultados têm sido obtidos com 20 kg de N/ha para o trigo e 24 kg de N/ha para o milho. Para rendimentos elevados de culturas de grãos, o N de cobertura pode ser reduzido em 25%. Para expectativas médias de rendimento, o N de cobertura pode ser reduzido em 50%. Doses cheias de N em cobertura em geral não afetam o desempenho do Azospirillum;
16) Ótimos resultados vêm sendo obtidos pela coinoculação da soja e do feijoeiro com rizóbios e Azospirillum. As duas bactérias podem ser colocadas nas sementes ou no sulco. Mas é muito importante certificar-se das doses utilizadas para o registro dos produtos para coinoculação;
17) No caso da soja e do feijoeiro, enquanto a reinoculação anual resulta em incrementos médios 8%, com a coinoculação esses ganhos podem dobrar.

Considerações finais

1) Embora os inoculantes com Azospirillum tenham chegado ao mercado brasileiro há menos de uma década, a satisfação pelos agricultores tem resultado no incremento exponencial do uso desses inoculantes;
2) O inoculante com Azospirillum é um insumo de baixo custo em relação ao benefício que proporciona, de modo que é importante investir na procedência e qualidade do insumo;
3) Com a inoculação com Azospirillum é possível obter ótimos rendimentos com menor custo, principalmente pela redução de fertilizantes nitrogenados, aumentando o lucro do agricultor e contribuindo para a sustentabilidade do meio ambiente

Fonte: http://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja/2017/01/03/inoculacao-com-azospirillum-bons-rendimentos-com-menor-custo-para-o-agricultor-e-menor-impacto-ambiental/

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